O MUSEU DO BRINQUEDO DE FORTALEZA





Historicamente, os museus eram espaços de reprodução de conhecimentos de diferentes áreas, com ênfase em coleções, cujo perfil era, prioritariamente, catalogador, expositor e conservador, repleto de regras. Hoje no museu não mais as coleções passam a ser base das ações museais, mas a prática social de um contexto plural e diversificado. O que mantém um museu vivo é a relação dinâmica com a sociedade, portanto, museus não são instituições permanentes, mas práticas sociais colocadas a serviço da sociedade e seu desenvolvimento. Os museus e demais espaços de cultura são depositários da memória de um povo, encarregados pela preservação das obras produzidas pela humanidade, com suas histórias, com os meios próprios de que dispõe. Além disso, os museus na atualidade têm vocação para investigar, documentar e comunicar-se. Trabalham permanentemente com o patrimônio cultural integral, ressaltando sua dimensão educativa, procurando, assim, desenvolver as identidades locais, regionais, nacionais e internacionais. Seus acervos e exposições favorecem a construção social da memória e a percepção crítica da sociedade. Reflexo da sociedade e sua estruturação, a função social mais premente de um museu é ser esse espaço de comunicação direta com a comunidade. 

 O museu é um espaço de produção cultural e artística onde o JOGO e o BRINQUEDO é o protagonista principal. O museu surge de uma necessidade de pesquisar, preservar, divulgar, produzir, sistematizar e analisar o conhecimento transdisciplinar do patrimônio cultural lúdico da infância, e ainda gerando uma reflexão critica sobre a diversidade sociocultural. Nos museus, a constituição identitária da criança é aflorada pela possibilidade de ver os objetos e ver-nos nos objetos. As crianças hoje são entendidas como sujeitos pensantes, autônomos e autorais, produtores da chamada cultura infantil; e o brincar é das mais legítimas expressões dessa cultura.

 O museu defende a ideia de campo museal, dando a conotação de espaço possível, onde o confronto de diferentes sujeitos num processo contínuo que opera por redes e sistemas que dialogam permanentemente com outras redes, eliminando de vez a tentativa de modelo único, abrindo leque para a diversidade e a inseparabilidade entre cultura material e imaterial. Nesta perspectiva, sempre que se contextualiza os objetos, eles são, ao mesmo tempo, materiais e imateriais. E museus são espaços de memória; de história; de descobertas sobre o mundo e sobre nosso papel nesse mundo. É essa dinâmica alteridade/identidade que a ajuda na construção de sua percepção de si como sujeito da cultura. Museus são pensados hoje como lócus de reflexão crítica sobre nossas diferentes histórias; locais que possibilitam uma ressignificação do presente à luz do passado, e vice versa. Portanto, os objetos colocados num museu estão ali para favorecer uma mirada crítica sobre eles; uma oportunidade de vendo-os, vermo-nos neles e colocarmos em cheque verdades absolutas ou histórias uníssonas que só enaltecem os vencedores. Museus entendidos dessa forma constituem-se como espaços favorecedores de transformação social, de ampliação de olhares, de inclusão da pluralidade e aceitação da diversidade humana.